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Nota do blogue: em 2021 fiz um pequeno artigo sobre a ineficácia do colagénio enquanto produto ingerido ou aplicado. Não me debrucei tanto sobre a crueldade animal, visto acreditar não ser necessário fazê-lo quando já a expus por diversas vezes noutros textos.
Há uns dias, deparei-me com esta reportagem sobre a conexão sórdida entre o colagénio e a desflorestação da Amazónia, bem como a violência cometida contra as comunidades indígenas que tanto lutam para a proteger. No nosso dia-a-dia, mesmo não vendo, mesmo não sabendo, produtos aparentemente inofensivos escondem uma teia hedionda de atrocidades. Atrocidades contra animais, contra a natureza, contra os próprios humanos. Atrocidades que, camufladas por um véu entorpecedor, unem-se num abraço grotesco carregado de dor, sangue e lágrimas.
Por esse motivo decidi pegar nesta investigação e traduzi-la. Porque precisamos de ver.
Precisamos de saber.
Precisamos de mudar.
***
O mau cheiro chega antes dos camiões, que estão carregados com peles que foram arrancadas de carcaças de gado dias atrás. As moscas estão por toda a parte.
Os camiões vão para Amparo, uma pequena cidade industrial do estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Aí, a Rousselot, uma empresa que pertence à texana Darling Ingredients, extrai o colagénio – um ingrediente presente em suplementos de saúde e que está no centro de uma mania global de bem-estar.
Mas, enquanto os consumidores mais entusiasmados do colagénio afirmam que essa proteína pode melhorar cabelo, pele, unhas e articulações, por retardar o processo de envelhecimento, a mesma tem um efeito questionável na saúde do planeta. O colagénio pode ser extraído da pele dos peixes, porcos e gado, mas por detrás da popular variedade “bovina”, em particular, existe uma indústria sombria que impulsiona a destruição de florestas tropicais e alimenta a violência e os abusos dos direitos humanos na Amazónia brasileira.
Uma investigação da Bureau of Investigative Journalism, The Guardian, ITV e O Joio e O Trigo, descobriu que [a criação de] dezenas de milhares de bovinos criados em fazendas, que estão a destruir as florestas tropicais, foram processados em matadouros ligados a cadeias internacionais de fornecimento de colagénio.
Parte desse colagénio leva-nos à Vital Proteins, propriedade da Nestlé e grande produtora de suplementos do supracitado. A Vital Proteins é vendida à escala mundial – incluindo online na Amazon, nas lojas Walmart nos EUA, na Holland & Barrett e na Boots no Reino Unido e na Costco em ambos os países.
A investigação – a primeira a correlacionar o colagénio de origem bovina com a perda de florestas tropicais e a violência contra os povos indígenas – encontrou, pelo menos, 2,600 quilómetros quadrados de desmatamento ligados às cadeias de suprimentos de duas operações de colagénio no Brasil, ambas relacionadas com a Darling: a Rousselot e a Gelnex, adquiridas pela Darling por 1,2 mil milhões de dólares americanos. Não está claro o quanto desse desmatamento, que foi calculado pelo Center for Climate Crime Analysis, está ligado à Vital Proteins.
Especialistas encaram a preservação da Amazónia como a chave para enfrentar as mudanças climáticas. Da mesma forma, defendem os direitos dos seus povos indígenas, amplamente reconhecidos como os melhores guardiões da floresta. Quase metade das áreas mais bem preservadas da floresta tropical está dentro dos territórios destes povos.
Como resposta aos seus consumidores, depois que o TBIJ abordou os revendedores para fazerem comentários sobre tal, a Vital Proteins declarou que “acabaria com o fornecimento da região amazónica imediatamente”.
A Darling Ingredients disse ao TBIJ que a empresa e a sua subsidiária, Rousselot, monitorizam os seus fornecedores e excluem aqueles que não atendem aos seus critérios de fornecimento responsável. Um porta-voz acrescentou que as empresas “desempenham um papel crucial” na “recolha e reaproveitamento de subprodutos animais que, de outra forma, seriam descartados”. Ele alegou que não poderia comentar sobre a Gelnex, já que a sua aquisição, em Outubro de 2022, ainda não foi formalizada.
A Holland & Barrett referiu que está comprometida com o fornecimento responsável, para garantir que as cadeias de suprimentos não contribuam para o desmatamento. A empresa acrescentou que sobrelevou estas alegações com a Vital Proteins e que levará em consideração uma acção correctiva caso novas violações de política sejam encontradas.
Um porta-voz da Boots disse: “Estamos em contacto com os nossos fornecedores para ter garantias sobre o fornecimento do colagénio”.
A Costco frisou que levou as alegações a sério e entrou com contacto com os seus fornecedores. A Walmart e a Amazon recusaram-se a comentar.
O mito do subproduto
O colagénio bovino é um dos chamados subprodutos da pecuária, o que no Brasil corresponde a 80% de toda a perda da floresta amazónica.
Todavia, subproduto é um termo enganoso, de acordo com a Environmental Investigation Agency, um grupo de defesa ambiental com sede em Londres. “Não chamaria nenhum deles de subprodutos. As margens para a indústria da carne são bastante estreitas, pelo que todas as partes vendáveis do animal são incorporadas ao modelo de negócios”, disse Rick Jacobsen, gerente da política de comoditizações da EIA.
Os produtos sem carne [com outras substâncias de origem animal] correspondem a pouco menos da metade do peso de uma vaca abatida e podem gerar até um quarto da renda dos frigoríficos, de acordo com as estimativas da Bain & Company, um grupo de pesquisa de mercado. De longe, os subprodutos mais valiosos são as peles do gado usadas para fazer couro e colagénio.
Estima-se que a indústria do colagénio, como um todo, tenha o valor de 4 mil milhões de dólares [americanos] por ano.
Ao contrário da carne bovina, soja, óleo de palma e outras comoditizações alimentares importantes, o colagénio não é coberto pela futura legislação de devida diligência na União Europeia e no Reino Unido, projectada para combater o desmatamento. As empresas de colagénio, portanto, não têm obrigação de rastrear os seus próprios impactos ambientais.
“É importante assegurar que esse tipo de regulamentação abranja todos os principais produtos que possam estar ligados ao desmatamento”, asseverou Jacobsen.
A maior parte da desflorestação causada pela pecuária pode ser atribuída a fornecedores indirectos das empresas, segundo Ricardo Negrini, promotor federal do estado do Pará, Brasil, que supervisiona os compromissos climáticos dos processadores de carne bovina. O gado é frequentemente transferido de fazenda para fazenda, passando por diversos estágios de criação, pelo que uma vaca nascida em terras desmatadas pode ser engordada para abate numa fazenda de terminação “limpa”. Contudo, Negrini disse que, actualmente, todos os frigoríficos têm capacidade de rastrear o gado que compram.

Legislação para combater o desmatamento ligado à pecuária não leva em consideração o colagénio
Com o aumento das vendas de carne bovina, couro e colagénio, mais e mais florestas foram derrubadas e substituídas por pastagens nos últimos anos, com terras muitas vezes confiscadas ilegalmente. A virtual impunidade para a grilagem de terras durante o governo Bolsonaro também alimentou ataques a comunidades tradicionais. Em 2021, no terceiro ano da sua presidência, ocorreram 305 invasões contra terras indígenas. Foi três vezes mais do que os números relatados, em 2018, pelo Conselho Indigenista Missionário da Igreja Católica.
“Não há expansão da pecuária na Amazónia sem violência”, disse Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.
“Não há expansão da pecuária na Amazónia sem violência”, disse Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.
A uma curta distância do escritório de Malheiro em Marabá, município com o terceiro maior rebanho bovino do Brasil, a paisagem é aplainada por pastagens. Camiões transportam gado constantemente para os inúmeros matadouros da região.
No município vizinho de Bom Jesus do Tocantins, uma placa verde pontilhada de balas fica ao lado da estrada que leva ao território indígena Mãe Maria. Vista de cima, esta terra, lar do povo Gavião, é uma parcela verde-escura de floresta tropical debruçada numa colcha de retalhos de fazendas.
Para Kátia Silene Akrãtikatêjê, a primeira mulher líder do povo Gavião, é como viver numa ilha. O seu povo sente-se “cercado, sufocado”, disse ela ao TBIJ. A reserva Mãe Maria é o único território em centenas de quilómetros que ainda se assemelha à imponente floresta amazónica.
Malheiro chama-lhe de “um processo de confinamento territorial”. Para os Gavião, a manutenção da mata onde caçam, pescam, cultivam e recolhem sementes vem com ameaças, tentativas de invasão e incêndio criminoso.
Em Setembro do ano passado, uma vila inteira foi incendiada: uma escola, dezenas de casas e um pedaço de floresta foram reduzidos a cinzas. O incêndio não foi acidental, abonam eles, e a comunidade continua a viver com medo.
“[Os fazendeiros] destroem o que é deles e invadem o que é nosso. Não entendo porque destroem tudo”, indagou a líder indígena.
De acordo com José Batista Afonso, advogado e defensor dos direitos fundiários, trabalhador na Comissão Pastoral da Terra em Marabá, a região oferece um vislumbre de como seria toda a Amazónia caso a pecuária continuasse a se expandir sem controlo.
Cadeias obscuras de suprimentos
Cadeias obscuras de suprimentos
As cadeias de abastecimento de colagénio bovino são altamente intrincadas, com inúmeros intermediários envolvidos na aquisição e no processamento.
O colagénio Peptan da Rousselot é a marca líder mundial e exporta o referido para os EUA e Europa, onde possui várias fábricas.
A Rousselot obtém peles de vaca da BluBrasil, um curtume localizado dentro de um complexo em Bataguassu, Mato Grosso do Sul. Tal complexo é da propriedade da Marfrig, uma das três grandes empresas de carne bovina do Brasil. Fornecedores de gado da Marfrig têm sido ligados à destruição de florestas tropicais e a invasões territoriais do povo indígena Guarani Kaoiwá.
Em 2021, a usina comprou animais da fazenda Campanário, uma grande propriedade que viola o território Guarani Kaoiwá em Laguna Carapã, também no Mato Grosso do Sul. A área é conhecida pelo seu elevado índice de violência contra indígenas. A Marfrig contou ao Bureau que apenas uma pequena parte da propriedade está em cima da terra ancestral, que a empresa afirma não ser totalmente reconhecida como território indígena. O proprietário da fazenda Campanário não respondeu ao pedido do Bureau para comentar. A BluBrasil também não.
Um relatório da Greenpeace de 2021 também descobriu que a mesma fábrica da Marfrig estava ligada à destruição do Pantanal, outro bioma brasileiro e berço da biodiversidade.
A Marfrig confirmou que o fornecedor em questão estava registado como fornecedor indirecto, mas afiançou que o mesmo se encontrava em conformidade com as suas políticas na época. A empresa acrescentou que a monitorização de fornecedores indirectos é “um dos maiores desafios da cadeia pecuária brasileira”, mas que trabalha “incansavelmente para mitigar qualquer vínculo entre o desmatamento ilegal e outras irregularidades na sua cadeia produtiva, tanto na Amazónia quanto nos demais biomas”.
A Gelnex, por sua vez, vende colagénio para produtos de saúde, ingredientes alimentícios, entre outros items, globalmente. Obtém peles de gado da Durlicouros, um fabricante de couro brasileiro que as limpa e descarna após o abate. Nesta fase, as peles cruas são tratadas para evitar o apodrecimento antes que as camadas de pele sejam divididas em cadeias separadas de produção de couro e colagénio.

Lote de gado num matadouro da Minerva, em Araguaína. Centenas de bovinos abatidos aqui são criados em fazendas que invadem a Mãe Maria e outras terras indígenas.
A Durlicouros obtém as suas peles de gado abatido nos matadouros da JBS e da Minerva, de acordo com várias entrevistas efectuadas a camionistas e outras fontes locais. Centenas desse gado são criadas em fazendas que invadem a Mãe Maria e outras terras indígenas.
Num contacto recente com os investidores, o CEO da Darling Ingredients, Randall C. Stuewe, afirmou que a aquisição da Gelnex aumentaria enormemente a produção de colagénio da empresa.
A Gelnex declarou ao TBIJ: “Todas as matérias-primas utilizadas pela empresa são provenientes de fornecedores aprovados, devidamente registados perante os órgãos reguladores aplicáveis e legalmente autorizados a operar de acordo com as leis vigentes”.
O curtume DurliCouros informou que “atende aos mais rígidos padrões de sustentabilidade nacionais e internacionais”. Tanto a Durlicouros como a BluBrasil receberam a classificação ouro da Leather Working Group (LWG), associação do sector que avalia a sustentabilidade dos membros. A LWG disse ao Bureau que este é um “tópico complexo” e que trabalhará por um padrão “100% de desmatamento e conversão livre até 2030 ou antes”.
A JBS referiu que, embora existisse desmatamento em algumas das fazendas identificadas, as suas compras eram “totalmente compatíveis” com os seus protocolos de aquisição e monitorização, além de que outras aderiram aos seus padrões.
O terceiro maior frigorífico brasileiro, o Minerva, frisou que trabalha para garantir que o gado adquirido não seja proveniente de propriedades com áreas ilegalmente desflorestadas, adicionando que vigia “100% dos fornecedores directos”.
A Nestlé disse que as alegações levantadas não correspondem ao seu compromisso com o fornecimento responsável e contactou o seu fornecedor para o assunto ser investigado. Também anunciou que está a tomar medidas para garantir que os seus produtos sejam livres de desmatamento até 2025.
***
Uma versão desta investigação também surgiu no UOL.
Imagem principal: Kátia Silene Akrãtikatêjê, líder do povo Gavião
Repórteres: Elisângela Mendonça, Andrew Wasley e Fábio Zuker
Colaborador: Centro de Análise de Crimes Climáticos
Filmagem e fotografia: Cícero Pedrosa Neto
Produtora de vídeo e produtora de impacto: Grace Murray
Editor de vídeo: Oliver Kemp
Animação: Jules Bartl
Editor de ambiente: Robert Soutar
Editor global: James Ball
Editor: Meirion Jones
Produção: Frankie Goodway
Verificador de factos: Alice Milliken`
Esta história foi produzida com o apoio da Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center. O nosso projeto Food and Farming é parcialmente financiado pela Quadrature Climate Foundation e parcialmente pela Hollick Family Foundation. Nenhum dos nossos financiadores tem qualquer influência sobre as nossas decisões ou resultados editoriais.
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Breve nota: Este texto é uma interpretação da cultura e da mitologia gregas a partir de leituras e de estudos feitos, tendo, portanto, um cunho pessoal.
O perambular do tempo despertou milhares de sensações que os seres humanos desconheciam. Essas sensações tanto maravilhava-os, como surpreendia-os ou aterrorizava-os abismalmente, ao mesmo tempo que as interrogações e as dúvidas em relação a determinados fenómenos exigiam respostas transformadas nas acções que comprometeram-se na construção da civilização humana e que, actualmente, oferecem alicerces para compreendermos o que somos hoje através do ontem. Desde o gradual entendimento do que é a morte, e de como este entendimento ramificou-se em rituais que actualmente continuam a suceder (como o sepultamento) e em crenças variadas (como a reencarnação e o contacto com os mortos através do xamã), à interpretação do universo onírico, à comunicação sem linguagem através da arte, entre outros aspectos, o ser humano descobriu-se ao reconhecer as suas capacidades mentais, intelectuais, físicas, emocionais e sociais e interligou-as para formar um casulo que desenvolveu-se até dar à luz as primeiras civilizações. O mito é uma das crianças que nasceu desse desenvolvimento racional e desse maravilhoso achado, permanecendo imorredouramente vital na nossa vida e na nossa cultura.
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Vou começar este texto contando o que sucedeu quando resolvi parar de comer animais. Tomei a decisão aos dezoito anos quando encontrei, por acaso, imagens e vídeos da realidade que os matadouros e as pecuárias procuram ocultar: a gritaria misturada com a quantidade absurda de sangue espalhada por todo o lado foi como um clique na parte do meu cérebro que esteve adormecida durante todo aquele tempo perante o óbvio. Só consegui pensar como é incrível o que os costumes familiares, as raízes tradicionais e a manipulação dos anúncios alimentícios conseguiam fazer num indivíduo: uma lavagem cerebral, de tal modo abrupta, que nem paramos para questionar sobre quem estamos a comer. Fiquei horrorizada com a cumplicidade que estava a ter para com este sector — porque quem compra para consumir está a pagar para matar — e deliberei a interrupção imediata do consumo de carne.
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Na Bíblia está escrito que os animais foram criados para servir o Homem, pelo que podemos usá-los à vontade.
Para além de ser um argumentum ad antiquitatem (apelo à antiguidade), esta afirmação:
• É implicitamente uma petição de princípio (raciocínio circular: Na Bíblia está escrito que podemos comer animais, pelo que podemos comer animais porque está escrito na Bíblia);
• Leva frequentemente ao bulverismo (considera-se a priori que o oponente está errado, mas, no lugar de o refutar, tenta-se explicar porque o oponente o usa, sendo uma falácia ad hominem circunstancial. Por exemplo: Não aceitas que Deus criou os animais para serem comidos porque não leste a Bíblia / és ateia / a tua religião não é cristã / etc.).
Basicamente, defende que os animais podem ser usados e mortos para os nossos fins porque tal encontra-se numa obra criada com base num argumento ontológico. Um argumento ontológico é todo e qualquer argumento que defende a existência de Deus através da ideia de que Ele é obrigatoriamente um ser perfeito e, portanto, a sua existência é necessária e certa (que, por acaso, é outra petição de princípio). Tendo em conta que a Bíblia é o reflexo escrito dessa entidade divina sumamente perfeita, tudo o que encontra-se nela é verdadeiro e válido, incluindo a exploração dos animais.
• É implicitamente uma petição de princípio (raciocínio circular: Na Bíblia está escrito que podemos comer animais, pelo que podemos comer animais porque está escrito na Bíblia);
• Leva frequentemente ao bulverismo (considera-se a priori que o oponente está errado, mas, no lugar de o refutar, tenta-se explicar porque o oponente o usa, sendo uma falácia ad hominem circunstancial. Por exemplo: Não aceitas que Deus criou os animais para serem comidos porque não leste a Bíblia / és ateia / a tua religião não é cristã / etc.).
Basicamente, defende que os animais podem ser usados e mortos para os nossos fins porque tal encontra-se numa obra criada com base num argumento ontológico. Um argumento ontológico é todo e qualquer argumento que defende a existência de Deus através da ideia de que Ele é obrigatoriamente um ser perfeito e, portanto, a sua existência é necessária e certa (que, por acaso, é outra petição de princípio). Tendo em conta que a Bíblia é o reflexo escrito dessa entidade divina sumamente perfeita, tudo o que encontra-se nela é verdadeiro e válido, incluindo a exploração dos animais.
Para além disso, a Bíblia foi escrita por homens e, por mais que tenham sido agraciados com a inspiração divina, obviamente que os seus limites e imperfeições enquanto seres humanos influenciaram o modo como escreveram. Não é por acaso que a Bíblia é ambivalente: tanto defende a vida dos animais como a despreza. Quem utiliza a Bíblia para defender a exploração dos animais apoia-se somente em versículos que perpetuam essa exploração e menospreza os capítulos que ditam precisamente o contrário.
Se Deus é inquestionavelmente justo, como poderia criar seres sencientes com a finalidade de serem explorados e mortos?
Por fim, a Bíblia tem passagens que, para
além da exploração dos animais, também aparentam
incentivar o homicídio, o infanticídio, o incesto e a
desumanização da mulher – e (quase) todos nós sabemos que tamanhas atrocidades são erradas.
Se um homem vender sua filha como escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos. — Êxodo, 21:7Há pessoas que classificam estes versículos como metáforas ou parábolas e, como tal, podem ter várias interpretações, pelo que não devemos levá-los à letra e usá-los para criticar negativamente o conteúdo presente na Bíblia. Esta observação é válida, assim como é válida, por exemplo, a leitura metafórica que muitas pessoas têm sobre a multiplicação dos peixes, em que Jesus, na verdade, repartiu maná (um alimento produzido milagrosamente e que tem um sabor semelhante aos bolos de mel). Existem múltiplas análises para uma só passagem bíblica, incluindo as referentes aos animais, pelo que a Bíblia não é uma prova objectiva de que os animais existem para os nossos interesses.
[Deus castiga crianças por estas terem troçado de um profeta]
Então, subiu dali a Betel; e, indo ele pelo caminho, uns rapazinhos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe:
Sobe, calvo! Sobe, calvo!
Virando-se ele para trás, viu-os e os amaldiçoou em nome do Senhor; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles. — 2 Reis, 2:23-24
Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer,
e lhe atribuir actos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem,
então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta (...)
Porém, se isto for verdade, que se não achou na moça a virgindade,
então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti. — Deuteronómio, 22:13-21.
Quem for achado será trespassado; e aquele que for apanhado cairá à espada.
Suas crianças serão esmagadas perante eles; a sua casa será saqueada, e sua mulher, violada.
Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso de prata, nem tampouco desejarão ouro.
Os seus arcos matarão os jovens; eles não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças. — Isaías, 13:15-18
Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. (...)
Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles. Saiu-lhes, então, Ló à porta, fechou-a após si e lhes disse: Rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal;
tenho duas filhas, virgens, eu vo-las trarei; tratai-as como vos parecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a protecção do meu tecto. — Génesis, 19:1-8
Então, a primogénita disse à mais moça: Nosso pai está velho, e não há homem na terra que venha unir-se connosco, segundo o costume de toda terra.
Vem, façamo-lo beber vinho, deitemo-nos com ele e conservemos a descendência de nosso pai. (...)
E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai. — Génesis, 19:31-36
Não matarás. — Êxodo, 20:13
E disse Deus ainda [a Adão e Eva]: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que se dê semente; isso vos será para mantimento.
E todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. — Génesis, 1:29-30
O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro,
como o que quebra o pescoço a um cão (...) — Isaías, 66:3
Misericórdia quero e não holocaustos. — Mateus, 9:13
Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. (...) Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber. (...) Ele atendeu e os experimentou dez dias.
No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.
Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes. — Daniel 1:8-16
Mas pergunta agora às alimárias [animais irracionais],
e cada uma delas te ensinará;
e às aves dos céus,
e elas to farão saber.
Ou fala com a terra, e ela te instruirá;
até os peixes do mar to contarão. — Jó 12:7-8
O justo atenta para a vida
dos seus animais,
mas o coração dos perversos é cruel. — Provérbios 12:10
O Senhor é bom para todos,
e as suas ternas misericórdias
permeiam todas as suas obras. — Salmos, 145:10
O Senhor ampara os humildes
e dá com os ímpios em terra. (...)
e dá o alimento aos animais
e aos filhos dos corvos, quando clamam. — Salmos, 147:6-9
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia. — Mateus, 5:7
Até quando estará de luto a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim. — Jeremias, 12:4
O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará.
A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. (...)
Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. — Isaías, 11:6-9
*
“Não matarás” não se aplica apenas ao assassinato de seres humanos, mas ao assassinato de qualquer ser vivo; e este mandamento foi inscrito no coração do homem muito antes de ser proclamado do Sinai. — Leo Tolstoy
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Muitos de nós dizemos que gostamos de animais ou, pelo menos, concordamos que eles têm o direito de viver. Dizemos que nunca seríamos capazes de lhes fazer mal e, no entanto, comemo-los. Comemo-los e não encontramos quaisquer incoerências perante essa acção e as nossas crenças. E assim continuamos a nossa vida, amando e comendo animais simultaneamente.
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Comer carne será mesmo uma escolha pessoal, tendo em conta que envolve vítimas? E, apesar de serem vítimas não-humanas, não será a capacidade senciente delas suficiente para questionar se é mesmo uma escolha pessoal? E precisaremos mesmo de gostar dos animais para os respeitarmos e, com isso, compreendermos as consequências brutais dessas mesmas escolhas?
Estas e outras colocações especistas continuam bem actuais — mesmo com toda a informação científica, moral e social relativa aos animais —, prova sólida da força dos nossos hábitos e como estes continuam a despersonificar e a comoditizar criaturas tão susceptíveis às emoções quanto nós.
Aqui apresento resposta contra essas e outras, mas ao fim de quase 8 anos de veganismo aprendi uma coisa: toda esta batalha argumentativa e contra-argumentativa, entre a desobediência ética e o carnismo acomodado, só opera substancial mudança quando deixamos de ver a justiça como antropocêntrica e a colocamos ao serviço de todos os que sofrem. Em suma, quando colocamos o respeito acima do nosso estômago. E, por isso, aos que comem animais e que estas linhas leiam, convido-os a colocar numa balança e concluir o que tem mais peso: momentos supérfluos de gula ou não fazer mal a ninguém, mesmo que tenha pêlo, plumas ou escamas no lugar de pele desnuda? O que será verdadeiramente difícil: não comer animal ou ser o animal, violentado desde a nascença, nascido para morrer?
Um aparte: algumas das inferências foram retiradas de um único comentário deixado por um indivíduo numa rede social (mais concretamente num grupo pelos direitos dos animais, o que é lamentavelmente irónico).
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Muitas pessoas acusam a alimentação vegetal de ser bastante dispendiosa, o que não a torna acessível para todos e, consequentemente, elitista. Esse pensamento formou o estereótipo do veganismo ser coisa de brancos ricos e que só é praticável para a camada social privilegiada, deixando as mais humildes de fora. Cada vez mais se fala disso como um facto indestrutível, mas será mesmo verdade?
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Quantos produtos não possuem colagénio na composição e que prometem fortalecer o cabelo, deixar as unhas mais bonitas ou melhorar o aspecto da pele? Desde comprimidos à tradicional gelatina, passando por champôs e cremes, o colagénio é obtido industrialmente a partir dos ossos e da cartilagem dos bovinos.
Muitas bloggers e influenciadoras indicam o colagénio como um ingrediente essencial, mas será ele verdadeiramente vital para conseguirmos uns cabelos, unhas e pele bonitos ou não passará de um esquema patriarcal, aliado à indústria da beleza, para pressionar as mulheres a gastar dinheiro em cosméticos que prometem o inalcançável que lhes é imposto?
“Dizer que é necessário ingerir colagénio para ter colagénio no corpo é tão absurdo quanto dizer que precisamos de ingerir fígado para termos fígado, ou cérebro para termos cérebro.”
— Dr. Eric Slywitch, médico especializado em nutrologia
O colagénio é a proteína estrutural principal que proporciona sustentação às células, mantendo-as unidas em diversos tipos de órgãos e tecidos como pele, ossos, cartilagens, ligamentos, tendões e artérias. O colagénio é composto por aminoácidos — glicina, prolina e lisina — e por mais dois aminoácidos derivados da prolina e da lisina através de processos enzimáticos e que são dependentes da vitamina C – a hidroxiprolina e a hidroxilisina. O nosso organismo é capaz de sintetizar o colagénio a partir desses aminoácidos presentes nos alimentos, pelo que a chave para uma pele, cabelo, ossos e unhas saudáveis é uma alimentação equilibrada que inclua vitamina C e esses aminoácidos – e isso é possível com alimentos vegetais. Eis alguns que devem ser tomados em conta:

É importante frisar que o consumo de colagénio já pré-formado (ou seja, aquele que é tomado em pó, cápsulas, etc.) é ineficiente, visto que este é hidrolisado nos aminoácidos para ser ressintetizado pelo organismo.
“O colagénio dá elasticidade à pele e a sua produção pelo corpo reduz com os anos. Mas passar cremes não aumenta o colagénio da pele. A proteína é grande demais para entrar na célula e fica espalhada do lado de fora. Se ingerido, o colagénio é desmontado pela digestão e não chega à pele. Ingerir colagénio só deixará a pessoa com rugas e mais pobre.”
— Alicia Kowaltowski, professora de Bioquímica do Instituto de Química da USP
— Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência
“(...) O colagénio ingerido por meio das carnes não se transforma em colagénio no nosso corpo. Para produzir colagénio, o nosso organismo precisa de quebrar a proteína ingerida e, utilizando os seus aminoácidos, montar o próprio colagénio, que será inserido em regiões específicas do corpo (...). A gelatina, além de ser um composto derivado de animais (...) não é uma fonte rica em proteínas e colagénio, como muitos acreditam. (...)Quando se trata de metabolismo, há uma regra que diz que é melhor remover a agressão e optimizar a protecção. E, sobre esse tema, há dois aspectos importantes a serem considerados:
• Quanto mais antioxidantes a dieta contém, menos colagénio é destruído. O reino vegetal contém 64 vezes mais antioxidantes do que o animal, então adoptar uma alimentação vegetariana baseada em produtos naturais e integrais traz vantagens para a estrutura da pele.
• Níveis elevados de cortisol (uma das hormonas produzidas em situação de stress) causam destruição de colagénio. Assim, menos stress significa maior preservação.”
— Dr. Eric Slywitch in Virei Vegetariano, e Agora?
O colagénio é só mais uma das milhares substâncias de origem animal que utilizamos habitualmente sem pensarmos um pouco sobre a sua origem. Assim como os restantes subprodutos ligados à pecuária, é conseguido a partir da exploração exaustiva dos animais, que não são poupados por uma indústria que não olha a meios para lucrar maximamente com eles.
Uma alternativa para quem gosta de gelatina é o ágar-ágar, extraído das algas marinhas e dez vezes mais consistente, o que o torna mais rentável.
É possível sermos saudáveis por dentro e por fora sem usarmos quaisquer produtos e subprodutos de origem animal: prefiram alternativas vegetais mais naturais e rejeitem a crueldade.
Imagem: Pinterest
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O que é o foie gras?

O foie gras é o fígado de um pato ou ganso que foi superalimentado, chegando a atingir um tamanho seis a dez vezes superior ao normal. Isso deve-se porque o órgão adoece, entrando em lipidose hepática.
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Usamos infinitas desculpas para continuar a justificar, eufemizar e perpetuar a exploração, tortura e morte de biliões de animais explorados para consumo mas, no fundo, sabemos como eles sofrem e partilham capacidades emocionais similares às nossas. Aliando esse facto incontornável aos benefícios de uma alimentação vegetariana, tanto para a saúde como para o planeta, as razões para deixar os animais fora do prato são mais fortes do que continuar a comê-los – e estes 10 documentários comprovam-no.

The Farm In My Backyard mostra os problemas éticos e ambientais causados pela indústria de peles. O documentário, que dura 16 minutos, foi lançado no dia 4 de Abril.
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Amy Jones e Paul Healey deixaram as suas vidas em Londres para documentarem a situação dos animais que são explorados em todo o mundo. Em 2018 criaram o Moving Animals, uma plataforma fotográfica que visa a divulgação do abuso e sofrimento dos animais.

Quando o escritor português José Saramago afirmou que os animais podem ser selvagens, mas que apenas o homem é cruel, ele estava chamando a atenção para um fato bastante inquietante, que subverte profundamente a imagem que temos de nós mesmos. Ele estava dizendo, da maneira mais clara e assustadora possível, que a crueldade é um fenômeno humano (e não animal). Uma afirmação que, sem dúvida alguma, põe em jogo duas certezas bastante arreigadas em nós: a de que o excesso de agressividade está relacionado à nossa herança selvagem e a de que a razão fez do homem um ser realmente superior.
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O que sabemos nós sobre os pombos de cidade?
Origem
Os pombos de cidade foram domesticados a partir do pombo das rochas (um pombo selvagem) para serem explorados pela sua carne, ovos, penas e estrume. Quando já não tiveram uso foram libertados e deixados à sua sorte e, como dependem de nós para sobreviver, aglomeraram-se nos centros urbanos.
Por outras palavras, os pombos de cidade foram criados pelos humanos. São animais domesticados abandonados.
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João Rodrigues foi um dos fotógrafos que se destacou no Underwater Photographer of the Year, um concurso fotográfico dedicado exclusivamente ao tema subaquático. O português ficou em segundo lugar na categoria de conservação marinha, ao captar uma móbula a ser cortada com uma catana. A fotografia foi considerada “a mais angustiante” pelos juízes, cuja mensagem intransigente deve ser vista “pelo maior número de pessoas possível”.
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21/02/2019
“Kitbull”: A nova curta da Pixar que mostra a amizade entre um gato e um pit bull acorrentado

Preparem os lenços de papel, porque esta história sobre uma amizade improvável vai comover corações. Kitbull é a nova curta da Pixar e passa-se em São Francisco, girando em torno de um gatinho de rua que tem uma caixa de papelão como refúgio e de um pit bull acorrentado e cruelmente explorado por um humano.
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É cada vez mais frequente artistas e fotógrafos recorrerem aos seus talentos para sensibilizar sobre os direitos dos animais, incluindo os mais surpreendentes e improváveis como o caso do pombo comum. Há quem revele o quão maravilhosos eles são a partir de retratos fotográficos ou estudos de voo, mas Adele Renault preferiu uma vertente criativa diferente.
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08/01/2019
Precisamos de parar de comer carne para reduzir a crise climática, diz Sir David Attenborough

Sir David Attenborough afirmou que a humanidade, para o bem do planeta, tem de abandonar o consumo de carne.
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A Rússia parece estar comprometida a melhorar a legislação referente aos direitos e bem-estar dos animais. De acordo com o jornal The Moscow Times, a nova lei, denominada “Sobre o tratamento responsável dos animais e emendas a certos actos legislativos da Federação Russa”, interdita zoológicos interactivos em centros comerciais — onde as pessoas podem mexer nos animais — lutas de animais e o abate de animais em situação de rua. A mesma lei também proíbe animais em cafés, bares e restaurantes. Originalmente introduzida em 2010, os legisladores levaram oito anos para finalizá-la.
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Em Novembro de 1995, Emily, a vaca, estava numa fila de bovinos de um matadouro da Nova Inglaterra, enquanto esperava a sua vez para atravessar a porta vaivém da plataforma de abate. Talvez fosse do cheiro do sangue, ou do facto de não ter visto regressar os que tinham entrado antes dela, mas Emily saiu da fila, correu na direcção da cerca de 1,5 metros de altura que encurralava a área e fez passar o seu corpo de quase 700 quilos por cima dela. Fugiu pelos bosques e conseguiu escapar aos incrédulos trabalhadores que correram atrás dela.
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