Recentemente, circulou nas redes sociais de que a China tinha acabado com os testes em animais em produtos cosméticos importados. A notícia foi largamente festejada e compulsivamente partilhada por várias organizações e bloggers cruelty-free, visto a mesma ter sido interpretada como o fim de todos os testes em animais no país em questão.
No entanto, as coisas não são bem assim e, numa altura em que o consumismo e bem-estarismo estão a minar a luta abolicionista, é necessário estarmos mais atentos para obtermos informações correctas. E ao obtermos informações correctas, é nosso dever partilhá-las.
A notícia da China é sobre os testes em animais em produtos pós-comercializados, mas muitos entenderam que a mudança da lei abarca todos os produtos e todas as marcas internacionais vendidas lá. Foi uma confusão legítima, já que a China tem um milhão de leis parecidas (e a notícia original está terrivelmente mal escrita).
A lei pós-comercialização só está focada nos produtos que já se encontram à venda no país. Com essa lei, o governo tem o aval de ordenar a retirada dos produtos das prateleiras para serem testados em animais, caso houver alguma preocupação em relação à qualidade e/ou eficácia do produto final. Basicamente, o que mudou, é que deixou de ser obrigatório testar em animais os produtos já comercializados.
No entanto, produtos pré-comercializados (ou seja, que ainda não entraram no mercado chinês) continuam obrigatoriamente a passar por testes em animais. Marcas internacionais que comercializam na China continuam a ser testadas em animais, pelo que não são cruelty-free.
Marcas vendidas na China e que possuem o selo cruelty-free da PETA
Já falei aqui que a PETA não é de confiança por incluir, na sua lista cruelty-free, marcas de empresas envolvidas em testes com animais. De acordo com o Notícias ao Minuto, a PETA explicou que as marcas que fazem parte da sua lista cruelty-free assinam uma declaração de fiabilidade que garante que a marca não realiza nem realizará testes em animais em qualquer parte do mundo. Subsidiárias (ou submarcas) de empresas que testem em animais podem aderir à lista, mesmo que a empresa-mãe não tenha eliminado por completo a prática de testes em animais.
Só porque uma marca está listada como “não testa”, não significa que seja cruelty-free. E o mesmo se passa ao contrário: há marcas que não estão em nenhuma lista e, mesmo assim, são cruelty-free.
Há muitas marcas que são certificadas pela PETA quando estão, de algum modo, ligadas a testes abusivos e cruéis. Duas dessas marcas, a Herbal Essences e a Dove, continuam a ser vendidas na China, onde os testes em animais são exigidos por lei. Outro exemplo é a Rusk, uma marca de produtos para o cabelo, que se encontra na lista cruelty-free da PETA mas é incapaz de garantir que os fornecedores não testam em animais e que certas regiões onde os seus produtos são vendidos exigem testes em animais.
Resumindo:
• Marcas internacionais que são vendidas na China continuam a ser testadas em animais;
• A única lei que mudou foi da pós-comercialização, que actua em produtos que já estão à venda nas lojas;
• A mudança da lei pós-comercialização só retirou a obrigação dos testes em animais em produtos que estão a ser vendidos. No entanto, esses testes poderão ocorrer caso haja alguma reclamação por parte de um consumidor. Nessas situações, o produto é retirado do mercado e testado em animais antes de ser novamente colocado à venda.
Para saberem mais sobre a política actual dos testes em animais na China, leiam o artigo “A China e os testes em animais”.
Imagem | iStock
• Marcas internacionais que são vendidas na China continuam a ser testadas em animais;
• A única lei que mudou foi da pós-comercialização, que actua em produtos que já estão à venda nas lojas;
• A mudança da lei pós-comercialização só retirou a obrigação dos testes em animais em produtos que estão a ser vendidos. No entanto, esses testes poderão ocorrer caso haja alguma reclamação por parte de um consumidor. Nessas situações, o produto é retirado do mercado e testado em animais antes de ser novamente colocado à venda.
Para saberem mais sobre a política actual dos testes em animais na China, leiam o artigo “A China e os testes em animais”.
Imagem | iStock
Social Icons