17/09/2018

Prada pode vir a ser a próxima marca de luxo a deixar de usar peles de animais


Dias depois de uma campanha activista contra as peles, a Prada declarou que ia reduzir gradualmente os seus produtos com esse material, substituindo-os por fibras sintéticas como o nylon.

Numa tentativa de pressionar a Prada, para que esta adopte definitivamente uma política fur-free, 40 organizações de protecção animal uniram-se e formaram um grupo liderado pela Fur Free Alliance. Estas organizações, que representam mais de 30 países, lançaram uma iniciativa que pede às pessoas que utilizem as redes sociais, bem como contactem a empresa por telefone ou e-mail, para convencer a mesma a abandonar completamente as peles de animais.

A resposta da Prada perante a campanha tem sido positiva: a marca está aberta a dialogar com as associações activistas e até mesmo a marcar reuniões com as mesmas nas próximas semanas.

De acordo com um comunicado divulgado pela Prada no dia 11 deste mês, esta tem recebido milhares de e-mails, incluindo de alguns dos seus próprios funcionários, com pedidos efusivos para que parem de usar peles.

Acreditamos que é importante ressaltar que todas as campanhas publicitárias das marcas do grupo, juntamente com os desfiles e o que é exposto nas montras das lojas, não apresentam esses produtos [com peles] há algum tempo, a fim de desestimular a demanda dos consumidores, afirmou a Prada.

Isso levou também a uma redução da comercialização desses produtos que, actualmente, representam menos de 0,1% de toda a produção, frisou a presidente da grife.

No entanto, camuflar e mitigar o uso de peles não significa nada para os animais. A única solução é a abolição e, precisamente por isso, é importante continuar a insistir para que a Prada corte relações com esse 0,1% e se junte às outras marcas que desistiram de utilizar peles de animais nas suas colecções.

A Fur Free Alliance escreveu uma mensagem simples e que é automaticamente direccionada para a Equipa Executiva e o Conselho de Administração da Prada. Para a enviarem só precisam de a assinar aqui.

Veja-se que imensas marcas de luxo famosas, como a Gucci, Versace, Michael Kors e Jimmy Choo, comprometeram-se a parar de usar peles de animais. Recentemente, a Burberry também decidiu deixar de utilizar as peles, começando pela primeira colecção de Riccardo Tisci e terminando com a destruição de todos os produtos que não foram vendidos.

Sufocadas, electrocutadas e esfoladas vivas: O destino horrendo das vítimas da moda



O Inferno existe e fomos nós que o criámos: dos pecados capitais, a luxúria reside nas fazendas de peles, alimentada pela vazia vaidade de quem olha para um produto no lugar de um animal.

Por ano, 1 bilião de coelhos e 50 milhões de outros animais (como raposas, focas, martas e cães) são mortos pelas suas peles. Os meios padronizados (ou seja, os mais aplicados) passam por sufocar à mão (principalmente animais pequenos, como as chinchilas), electrocussão anal e/ou vaginal, cortar a língua do animal para que este sangre até à morte e esfolar o animal ainda vivo. O último método é comum na China, o país que mais produz peles no mundo.

Nas quintas de produção de peles, animais silvestres não sabem o que é a liberdade: criados em cativeiro, só conhecem os quatro cantos das suas jaulas e os sintomas típicos de quem está recluso num ambiente tremendamente stressante: auto-mutilação, canibalismo, desidratação, subnutrição e lutas frequentes. Regra geral, as condições sanitárias são degradantes: nas fazendas canadianas e europeias, Jo-Anne McArthur, uma fotojornalista e activista, registou jaulas completamente conspurcadas e repletas de dejectos, bem como os comedouros e bebedouros também estavam contaminados. Para além da própria vida, é este o preço que os animais pagam em nome de uma moda cruel e anacrónica.

As peles são cruéis, mas não nos esqueçamos dos outros animais

Fala-se bastante sobre a hediondez das peles de animais, mas não é muito recorrente divulgar sobre os problemas éticos que envolvem o uso de couro, lã e seda, materiais mais comuns e mais usados. Todos eles são, assim como as peles, provenientes da exploração, sofrimento e morte de milhões de animais, motivo suficiente para não os comprarmos e usarmos. Para informações mais detalhadas, leiam este artigo.


Fotografias | We Animals