13/11/2017

O tabagismo e os animais


Uma verdade escondida

Devido ao conhecimento comprovado dos malefícios do tabaco, as indústrias fabricantes tentam provar que os cigarros não são muito prejudiciais à saúde através de resultados baseados em testes feitos com animais. Basicamente, os testes em animais na indústria do tabaco existem somente para os lobbistas dessas mesmas indústrias poderem defender-se das políticas relacionadas com a saúde. Tendo em conta que, na área farmacêutica, somente 10% dos medicamentos que passam nos testes pré-clínicos são eficazes nos testes clínicos com humanos, facilmente conclui-se que estas provas são bastante falíveis, ainda com a agravante de estarmos a referir algo que, indubitavelmente, prejudica a saúde humana.


A Philip Morris International (PMI) é a indústria dominante deste sector, albergando 70% do mercado mundial: mesmo após 160 anos, em que o cigarro sempre foi apontado como causador de diversos tipos de cancro e de outros problemas de saúde, a empresa continua a usar e a torturar animais com o propósito de procurar novos produtos fumígenos que causem menos danos. No próprio site, em ficheiro PDF, justificam os testes em animais com o seguinte:

A maioria das nossas actividades, envolvendo o uso de animais, foca-se no desenvolvimento e na avaliação de novos produtos PMI, de risco reduzido e comparativamente menos perigosos para a saúde da população em relação aos cigarros tradicionais.

(...)
Realizamos pesquisas para compreender o mecanismo que relaciona o tabaco com diversas doenças. Uma melhor compreensão desses mecanismos ajuda-nos a avaliar se os novos produtos que estão em desenvolvimento podem reduzir o risco de doenças relacionadas com o tabagismo. Em casos raros, podemos realizar testes em animais se conseguirmos fazer mudanças significativas de um produto. Fazemo-lo quando absolutamente necessário, como no caso dos novos regulamentos exigirem mudanças no design das nossas embalagens de cigarros.

No meio da declaração referem que preocupam-se com o bem-estar dos animais, que procuram realizar testes que sejam pouco ou nada invasivos, entre outras patacoadas para inglês ver. A verdade é que não pode existir qualquer bem-estar quando os animais são usados e forçados a lidar com substâncias tóxicas, perigosas e irritantes, seja por digestão, inalação ou através de contacto dérmico ou ocular.

Antes que pensem que a Philip Morris International é a única produtora de tabaco que testa em animais, desenganem-se: empresas como a Sampoerna, Japan Tobacco, British American Tobacco, Souza Cruz, Imperial Tobacco, entre outras, testam em animais. Não consegui escrutinar todas as empresas, visto que são imensas, mas pude certificar que as que detêm as marcas mais conhecidas testam em animais.


Os testes em animais na indústria do tabaco

Coelhos: São cobertos de alcatrão altamente concentrado para determinar os efeitos do mesmo, provocando lesões cutâneas e tumores. Também são usados para testes de exposição ao fumo, sendo obrigados a inalá-lo por alguns dias até serem mortos.

Ratos: São forçados a inalar o fumo de cigarro até seis horas seguidas diárias, durante um período consecutivo que pode atingir os três anos. Para que não fujam são imobilizados em vasilhas pequenas, onde o fumo é bombeado directamente para os seus narizes.
No final da experiência, são mortos para que os seus órgãos internos possam ser examinados.
Noutros testes são expostos a diesel e a bastante fumo de tabaco. O objectivo é o mesmo: observar o efeito dessas substâncias.

Cães e macacos: Têm tubos ligados a partir de um orifício feito no pescoço até à traqueia (traqueostomia) ou ficam com máscaras amarradas nos seus rostos para forçar a entrada de fumo nos pulmões. As macacas grávidas também são alvo de testes, sendo expostas a doses contínuas de nicotina durante quatro meses. Após esse tempo, os fetos são removidos cirurgicamente das suas mães e examinados para diagnosticar os efeitos da nicotina na gravidez.

Depois das experiências, os animais que não morreram são mortos e dissecados para visualizar os efeitos da exposição do tabaco nos órgãos internos.


Os testes em animais são ineficazes

De acordo com o Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM), as reacções dos animais face a toxinas, venenos, alimentos e químicos não é continuamente similar às reacções casuais nos seres humanos. Exemplos disso são a insulina, que provoca ataques epilépticos em ratinhos mas é essencial para os diabéticos, e a anestesia, que se tivesse dependido dos resultados dos testes em animais ainda hoje não seria utilizada. A vacina contra a poliomielite também foi atrasada 40 anos devido aos testes feitos nos macacos.
É do conhecimento geral que o tabaco aumenta o risco de cancro do pulmão em humanos: isso já foi exaustivamente comprovado tanto a nível científico como clínico. Além disso, existem estudos muito mais seguros, como o uso de tecido humano: a exploração de animais para testar tabaco e produtos derivados não só é desumana e cruel, como é má ciência e não merece ser apoiada.

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Referências úteis:

A senciência nos animais
+ informações sobre testes em animais
Dicas para parar de fumar

Recursos utilizados:

PETA
Bite Size Vegan
The Physicians Committee for Responsible Medicine

Imagens | Google