18/02/2015

Nos bastidores da violência: A pega (parte II)


Efeitos dos puxões nos rabos dos bovinos

Conforme referido no ponto Pega de Caras em A Pega Parte I, o rabejador dá vários puxões ao rabo da vítima: para a destabilizar e travar, numa primeira fase, e para a obrigar a mover-se em círculos, numa segunda.

A cauda dos bovinos é um prolongamento da sua coluna vertebral. É composta, na sua estrutura óssea, por uma sequência de vértebras, chamadas coccígeas ou caudais, que se articulam umas com as outras. Ora, ao ser puxada, isso provoca, muitas das vezes, luxação das vértebras, ou seja, perda da condição anatómica de contacto entre elas e ruptura de ligamentos e de vasos sanguíneos. Chega a ocorrer desinserção da cauda da sua conexão com o tronco. Como a porção caudal da coluna vertebral está na continuação dos outros segmentos da coluna vertebral e directamente ligada à região sacral, afecções que ocorrem primeiramente nas vértebras caudais podem repercutir-se mais para frente, comprometendo inclusive a espinal medula que está contida dentro do canal vertebral. Estes processos patológicos são extremamente dolorosos.

Um dos sinais, muitas vezes presente, de que ocorreram lesões na coluna vertebral dos bovinos durante a pega, é a notória falta de estabilidade e força nas patas traseiras, enquanto o seu rabo está a ser puxado e logo após esse triste momento.

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Fotografia: Grupo de Forcados Amadores de Coruche Rabejador (Miguel Lopes).

Via Marinhenses Anti-Touradas (blogue e facebook).
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